A noite de sexta-feira, 20 de junho, entrou para a memória dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística da Diocese de Campo Limpo. Não era uma noite qualquer, mas o seu Jubileu da Esperança, marcado pela devoção e pela unidade de milhares de pessoas que tomaram as ruas e todos os espaços da Catedral para celebrar e reafirmar sua missão. A estimativa dos bombeiros foi de cerca de 2.700 ministros presentes, um testemunho vibrante da vitalidade e do compromisso desta vocação tão necessária.
Esta foi uma das 21 celebrações temáticas do Ano Jubilar, convocado pelo Papa Francisco para reacender nos corações a virtude da esperança cristã. Não uma esperança vaga ou superficial, mas uma esperança viva, feita de gestos concretos e compromisso com o próximo.
Um Ano Jubilar marcado pela caridade
Se as celebrações são pilares do Ano Santo, não menos importantes são as obras que nascem desse espírito. A mobilização conduzida pelos seminaristas Guilherme Borges e Jonathan Lopes, durante as formações nas foranias, resultou em uma ampla arrecadação de pares de chinelos para os mais necessitados, um total de 2.814 pares. Um gesto simples e significativo que irá colaborar não só para a IX Jornada Mundial dos Pobres, marcada para 15 de novembro na Catedral Sagrada Família, mas também para outras iniciativas de assistência às pessoas carentes.
Peregrinação e ritual de fé
A peregrinação teve início na quadra da Cáritas Campo Limpo, há 250 metros da Catedral e escolhida para abrigar todas as celebrações jubilares. Ali, sob a condução dos seminaristas Guilherme e Jonathan, os ministros foram recebidos com entusiasmo e espiritualidade. Os seminaristas recitaram uma poesia especialmente composta para a ocasião, evocando todas as foranias e suas peculiaridades. A cada nome de forania mencionado, gritos e aplausos tomaram a quadra, traduzindo a unidade e a vitalidade de uma igreja viva e missionária.
A caminhada penitencial seguiu ao som de salmos e cânticos, conduzidos por um material preparado para guiar o espírito e despertar uma profunda reflexão espiritual.
O rito na Catedral
Na chegada à Catedral Sagrada Família, Dom Valdir José de Castro, ssp, presidente da celebração, acolheu a multidão e alçando a Cruz Peregrina, proclamou: “Salve, Cruz de Cristo, única esperança”.
Em seguida, conduzindo um momento de purificação espiritual tão simples quanto profundo, aspergiu a todos com a água abençoada junto à fonte batismal. O ritual tornou presente o espírito do Ano Santo, conclamando a comunidade a renovar seu compromisso de amor e serviço de todo batizado.
A homilia: uma vocação para construir pontes
Durante a celebração eucarística, concelebrada por padres das diferentes foranias e assistida por três diáconos permanentes, Dom Valdir destacou o chamado dos Ministros Extraordinários não apenas como portadores da eucaristia, mas como construtores de pontes para quem não pode ir à igreja.
“O papel do ministro extraordinário não se resume a levar a eucaristia àqueles que por alguma impossibilidade pararam de ir à comunidade, mas de ser ponte, levar o Evangelho, levar a esperança. A esperança ajuda a superação das dificuldades, a esperança alivia o sofrimento, a esperança une as pessoas e possibilita mais ações em prol do próximo, porque a esperança vem de Jesus”, destacou.
E concluiu, exortando-os a viver uma vida marcada pela santidade e pela doação: “É preciso ser luz, sendo apoio mútuo e fazendo crescer dia a dia a conexão com Jesus e vivendo a conversão diária, levando a alegria de evangelizar em cada visita, em cada encontro, sendo verdadeiras pontes entre Cristo e os irmãos”.
Encerramento e gratidão
Antes da bênção final, os seminaristas responsáveis pela dimensão litúrgica agradeceram ao assessor da Dimensão Litúrgica, padre Sandro Ely de Oliveira, ao clero e a todos que tornaram possível o Jubileu dos Ministros, entre eles o Vicariato para a Comunicação e o Setor Pastoral Diocesano. Fizeram uma menção especial à importância dos pares de chinelos arrecadados, que beneficiarão não só a Jornada Mundial dos Pobres, mas também outras iniciativas diocesanas para socorrer as pessoas mais vulneráveis.
Artesãos de Comunhão
Sejam bem-vindos, peregrinos da Esperança,
Que a estrada guiou até este lugar,
Das periferias à catedral da fé,
Na proteção da Sagrada Família, vamos juntos com alegria cantar!
Forania Campo Limpo, com ministros extraordinários em missão,
Aos arredores da catedral, sinal de união.
Moderna no traço, fiel à nossa história,
Trazem no peito a fé e a prefiguração da glória.
Forania Taboão da Serra, marca sua chegada,
Com Santa Teresinha, guia abençoada.
Terra das vocações, jardim de esperança,
Onde floresce o chamado e a aliança.
Forania Itapecerica, de verde a brilhar,
Com Juquitiba e São Lourenço a caminhar.
Do campo trazem vida e devoção,
Fé que floresce em cada estação.
Forania Embu das Artes, com sua memória,
A mais antiga, fonte de expressão,
Mistura barro, imagem e história,
Com arte e fé no mesmo coração.
Forania Mirim-Guaçu, dos trilhos e do trem,
Das vilas e matas, do povo sofrido,
Com passos firmes que vão além
Da esperança que é Cristo e tem sempre sentido.
Forania M’Boi Mirim, povo batalhador,
Que enfrenta a lotação e a multidão,
Brota o louvor, o cansaço e o amor
De quem transforma dor em oração.
Forania São Luiz se ergue em meio à cidade,
Entre ruas, prédios e intensidade.
Leva no peito coragem e fé constante,
De um povo que segue, firme e vibrante.
Do fundão, Forania São José resplandece,
Das favelas, onde a dor quer calar,
Mas ali, o amor de Deus acontece
E faz a vida nova recomeçar e cantar.
Forania Morumbi acolhe histórias tão diversas,
Do palácio ao bairro, vidas imersas.
Entre o luxo e a luta, há mãos que se entrelaçam,
Na fé que une e nos corações que se abraçam.
Somos Ministros Extraordinários em missão,
Dois bilhões e meio de pessoas a caminho da comunhão,
Cinco mil ministros em trabalho e oração,
A serviço do altar e principalmente do irmão.
Visitamos os enfermos com muito carinho,
Levando a Eucaristia, sentido do nosso amar,
Consolamos quem perdeu o caminho,
Somos Igreja que nunca deixa de lutar.
Artesãos da comunhão verdadeira,
Pelas estradas da vida inteira.
Levamos o Corpo de Cristo, amor que perdura,
No objetivo de ser Eucaristia nesta vida de realidade dura.
Esperança para os que choram calados,
Bálsamo aos corações esquecidos,
Vivemos a sinodalidade dos chamados,
Partilhamos pão com os oprimidos.
Neste jubileu, elevemos nossa oração,
Pelo saudoso Papa Francisco, sinal de consideração.
Com ternura e fé, guiou-nos com sua luz,
E agora descansa nos braços do Bom Jesus.
Ao Papa Leão, com esperança no marejado olhar,
O recebemos unidos através do altar.
Que siga com coragem, firme na missão,
Servindo a Igreja no mundo, pedindo paz no coração.
A esperança é firme, não sabe enganar,
É luz que insiste em sempre brilhar.
É chama divina que nunca se apaga,
É Deus que sustenta, consola e em nós fala.
São Mateus Moreira, exemplo de fé e doação,
Com coragem guardou a comunhão.
É nosso padroeiro, com honra e luz,
Dos ministros extraordinários que servem o Corpo de Jesus.
No Brasil, sua história é sinal de ternura,
De amor à Eucaristia, presença de Cristo pura.
Que seu testemunho nos faça crescer,
E no altar da vida, melhor servir e viver.
Que este jubileu seja semente,
De uma Igreja viva e em missão,
Ministros extraordinários, sigamos firmemente,
Imitando sempre o Cristo que trazemos no coração.
Com Cristo transformando a nossa vida,
Louvemos a Ele em fé reunida.
Pedimos ao Espírito, luz e guia,
Que marque nossa jornada a cada dia.
Junto ao nosso bispo, em união e louvação,
Elevamos aos céus nossa oração.
Autor: Guilherme Borges
