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Liberdade Religiosa

Secretário-geral da CNBB fala do papel das religiões de religar a humanidade a Deus e buscar assegurar a liberdade religiosa

Brasília está sendo palco, até o dia 10 de agosto, do segundo “Simpósio Brasileiro de Liberdade Religiosa: Construir pontes, romper barreiras.
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Brasília está sendo palco, até o dia 10 de agosto, do segundo “Simpósio Brasileiro de Liberdade  Religiosa: Construir pontes, romper barreiras: O papel da liberdade religiosa na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”, promovido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Direito e Religião (Brasil) e pelo Centro Internacional de Estudos em Direito e Religião ICLRS (sigla em inglês) da faculdade de direito J. Reuben Clark, da Brigham Young University (BYU), dos Estados Unidos. O encontro acontece no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21.

O bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, participou da abertura na terça-feira, 8 de agosto, à tarde, junto a representantes de organizações internacionais, líderes religiosos, acadêmicos, autoridades governamentais, advogados, juízes e representantes de organizações da sociedade civil. O assessor da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB, padre Marcus Barbosa, acompanhou o secretário-geral nesta agenda.

Além de dom Ricardo, representando a Igreja Católica, foram convidadas para a abertura  Luiza Cavalcanti, membro do Escritório de Assuntos Externos da Comunidade Bahá’í do Brasil, mãe Christine Alves Bastos (Mam’etu Zaze Leuacy), Oyá Dagan do Abassá de Iansã e Ulisses Soares, membro do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

“Desengajamento religioso”

Em sua conferência, na abertura do evento, o secretário-geral da CNBB reforçou que o tema do encontro é muito amplo e requer um olhar histórico e, ao mesmo tempo um discernimento da conjuntura atual. “Nosso grande desafio está no fato de que a sociedade atual vem desligando sua consciência sobre a sua história, sobre si mesmo, e consequentemente sobre Deus”, afirmou dom Ricardo.

Parafraseando Albert Bandura, psicólogo canadense, que fala sobre o “desengajamento moral”, o bispo auxiliar de Brasília disse perceber também um certo “desengajamento religioso, ou um desligamento entre o que ‘eu professo’ e o que ‘eu faço’, isto é, ‘eu creio, eu acredito, eu oro, eu rezo, eu medito, mas isso não tem nada a ver com minhas escolhas, com minhas ideias, com meus atos, com minha política, com meus interesses pessoais, com a economia, com o Mercado”.

Dom Ricardo defendeu que “ao cortarmos o fio condutor que nos liga ao sagrado, ao eterno e sobrenatural, cortamos também a ligação e incidência dos valores inerentes à fé que contribuem para uma transformação social”. Fez referência ainda à análise global da liberdade religiosa no mundo de 2023, organizada pela Ajuda a Igreja que Sofre (ACN) que aponta que o direito humano fundamental de expressar e viver a liberdade religiosa vem sendo desrespeitado e violado em muitos países.

Em sua fala, dom Ricardo fez uma crítica sobre a “alegada neutralidade ideológica de uma cultura política que declara querer ser construída sobre a formação de regras de justiça meramente processuais, rejeitando qualquer justificação ética e inspiração religiosa. Segundo ele, esta cultura manifesta a tendência de elaborar uma ideologia da neutralidade, que, de fato, impõe a marginalização, se não a exclusão, da expressão religiosa da esfera pública e, portanto, da total liberdade de participação na formação da cidadania democrática”.

O secretário-geral da CNBB apontou que, no contexto atual, as religiões têm dois desafios: primeiro, garantir o direito fundamental a liberdade religiosa, e segundo, garantir sua equidade social, isto é, colaborar para o senso de Justiça e Bem comum. “Devemos estar atentos a esta dupla exigência e, buscarmos os meios necessários de diálogo, unidade na construção de um mundo sempre mais justo, fraterno, solidário, mas cuja liberdade religiosa, nos garanta um compromisso e engajamento na construção de um mundo viável”.

Dom Ricardo reforçou ainda que o papel das religiões é “garantir à humanidade, esse direito fundamental de liberdade religiosa e, ao mesmo tempo, engajar-se e comprometer-se no tecido social com os valores de justiça, solidariedade e paz na busca do Bem-comum como corpos intermediários que religam a humanidade ao transcendente, ao divino, ao Bem último, à eternidade. “Essa empreitada cabe a nós, e não podemos prescindir disso, que o façamos com excelência e em contínuo diálogo ecumênico e inter-religioso”.

Temas abordados

O simpósio abordará vários subtemas, incluindo a liberdade religiosa na diplomacia internacional, o diálogo inter-religioso, as relações sociais, a cultura e questões trabalhistas, entre outros. O evento também contará com uma maior participação de líderes governamentais, diplomatas e representantes de ONGs sediadas em Brasília, enriquecendo as discussões e abrindo caminho para instituições aprimoradas e leis mais justas. O Simpósio Brasileiro de Liberdade Religiosa serve como um farol de esperança para as sociedades que buscam construir pontes entre as divisões religiosas e culturais e quebrar barreiras para criar uma sociedade justa, livre e mutuamente solidária.

Conheça a íntegra do texto de dom Ricardo Hoepers (aqui).