Projeto dedicado a pobreza menstrual alerta sobre os cuidados com a higiene feminina de mulheres carentes

A pandemia do COVID-19 revelou misérias ainda mais graves entre os mais necessitados, entre elas, a carência na higiene e cuidados pessoais das moradoras de rua e comunidades extremamente carentes, no período menstrual.
“Não imaginava que existiam mulheres que usava miolo de pão ou jornal porque não tem condições de comprar absorventes”, afirma Daniela.
Daniella Horácio, cristã católica, moradora do Jardim Jaqueline, zona oeste de São Paulo e território da Paróquia São Mateus, teve conhecimento, através dos meios de comunicação, que o mês de maio é também dedicado a pobreza menstrual, e que inclusive uma data, dia 28 de maio, decretada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) ‘celebra’ o Dia Internacional da Pobreza Menstrual, isto lhe acendeu um alerta: “Já estávamos arrecadando alimentos pelas dificuldades impostas a varias famílias durante a pandemia e até itens de higiene, mas como é que mulheres carentes resolvem o ‘problema’ dos absorventes?”.
A partir daí, munida de vontade e baseada em um dado alarmante da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em um relatório divulgado em maio de 2021, mostrando que quase 200 mil estudantes não usufruem de condições mínimas para cuidar da sua menstruação em período escolar, iniciou um trabalho de arrecadação em parceira com a Pastoral Social Sagrado Coração, e, em duas semanas conseguiu arrecadar mais de três mil unidades de absorventes.
“Foi incrível a mobilização e em parceira com um projeto de amigos chamado ‘Anjos da noite’, que realiza um trabalho de assistencialismo em comunidades e distribuição de alimentos prontos da capital, entregamos os primeiros kits no dia 12 de junho”.
Com a primeira experiência, vendo a realidade necessária, mas quase nunca explorada, Daniella resolveu manter as mangas arregaçadas e desde então, arrecada e monta os ‘kit absorventes’ para as famílias assistidas pela ação social paroquial, mas também, para mulheres em situação de rua: “Isto é questão de saúde pública, absorvente deveria ser fornecido pelos postos de saúde”.
Para a distribuição na comunidade, Daniela e os demais voluntários se baseiam no bom exemplo que já funciona na comunidade de Paraisópolis, onde nas ruas e vielas existe um representante local que, atento a necessidade dos vizinhos, reporta a pastoral social na paróquia sobre tal necessidade.
Daniella espera que outras paróquias possam se inspirar e ajudar a suprir uma necessidade pouco comentada e ainda pouco difundida.
O projeto ganhou tanta visibilidade que já foi algo de reportagens impressas e uma matéria na TVBrasil.