Bem-aventurado os que não desistem

Primeiramente, gostaria de agradecer pela oportunidade de refletir, neste espaço, sobre o Dia Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas. Celebrada pela Igreja no quarto domingo de julho, essa data foi instituída pelo Papa Francisco em 2021, em meio à dor da pandemia, como gesto concreto de carinho e atenção aos mais velhos. Inspirado na festa litúrgica de Sant’Ana e São Joaquim, avós de Jesus, o Papa desejou que esse dia fosse um verdadeiro "exercício de visitação", no qual filhos, netos e amigos fossem como anjos junto aos idosos. Afinal, quem não gosta de ser lembrado?
Em 2025, a celebração do Dia Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas está unida ao Jubileu da Esperança, com o tema "Bem-aventurados os que não perderam a esperança" (Eclo 2,9). Essa bela junção nos convida a olhar com gratidão para os idosos que, ao longo da vida, conservaram a fé e a esperança como alicerces de sua caminhada. Eles são memória viva, testemunhas de gerações e pilares de muitas famílias e comunidades. Como diz um amigo meu: "Eles nos trouxeram até aqui".
Na minha trajetória pessoal e pastoral, sempre convivi com pessoas idosas. Cresci pedindo a bênção aos mais velhos e ouvindo suas histórias. Minha avó materna morava conosco e, por meio dela, aprendi que o idoso é fonte de sabedoria, segurança e fé. Na vida paroquial, participei de iniciativas que visam valorizar essa presença. A Pastoral da Pessoa Idosa, por exemplo, nasceu como desdobramento da Pastoral da Criança, mostrando que o cuidado é integral e contínuo.
Na paróquia Nossa Senhora das Graças, as pastorais da Saúde e da Pessoa Idosa, em sintonia com os Ministros Extraordinários da Comunhão, visitam lares onde vivem idosos, muitos deles doentes. Essas visitas oferecem mais do que assistência: são sinais do carinho de Deus. Além disso, todos os meses é celebrada uma missa com unção dos enfermos, fortalecendo o espírito e a fé dos idosos.
A Igreja reconhece que os idosos têm papel importante também na evangelização e na vida pública. Muitos deles são fundadores de comunidades, protagonistas de lutas sociais e políticas públicas. Estão presentes nas missas, nas procissões, nas novenas, nas rezas do terço, no cuidado com os netos e bisnetos, e até mesmo na sabedoria de plantar e preservar o que é da terra.
Precisamos continuar lutando para que os idosos sejam respeitados e amados, e que não sofram qualquer tipo de violência ou abandono. Como afirma o Estatuto da Pessoa Idosa, cabe à família, ao Estado e também à Igreja assegurar dignidade e valorização integral àqueles que chegaram à velhice.
A convivência entre gerações precisa ser resgatada. O Papa Francisco, ainda na Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, disse que os idosos têm muito a ensinar aos jovens. E é verdade: eles guardam valores, memórias e uma fé que precisa ser transmitida. Cabe à juventude escutá-los, aprender com eles e, juntos, celebrar a riqueza da família, que é raiz e fruto da sociedade.
Neste mês de julho, sejamos gratos. Louvemos a Deus pela vida de tantos homens e mulheres que, com sua história, nos conduzem pela fé e pelo amor. Que Sant’Ana e São Joaquim intercedam por todos os avós e pessoas idosas, para que encontrem em suas famílias, comunidades e na Igreja, acolhimento, cuidado e dignidade.