Por uma Igreja Sinodal e Missionária

A primeira assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade – que tem como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão participação e missão – está acontecendo em Roma, de 4 a 29 de outubro, mês tradicionalmente dedicado às missões. Aliás, essa coincidência nos faz ter presente um dado importante: sinodalidade e missão são duas realidades eclesiais que estão profundamente em sintonia.
“A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária” (Ad Gentes, nº 2) e a sua missão é evangelizar. Porém, por mais que a evangelização necessite do testemunho pessoal, ela é sempre eclesial. Não existe evangelização “solitária”. É isso o que Jesus nos ensina nos evangelhos, quando envia em missão os doze apóstolos (Mc 6,7) e também os 72 discípulos (Lc 10,1). Todos são enviados “dois a dois”.
Os discípulos tornam-se missionários, a partir do encontro com Jesus, que é o missionário do Pai, por excelência, cuja missão, sob o impulso do Espírito Santo, é a instauração do Reino de Deus e a salvação da humanidade. Somente no encontro com Jesus, podem ser verdadeiros missionários. Somente experimentando o seu amor, podem anunciar o amor misericordioso de Deus que deseja abraçar a todos. É este amor que os impele à missão. Como diz o apóstolo Paulo, é o amor de Cristo que impulsiona (Cf.: 2Cor 5, 14).
Também nós somos chamados a caminhar juntos, como Igreja, na missão de evangelizar, a partir do nosso encontro com Jesus. Já afirmava São João Paulo II que “a missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece” (Redemptoris Missio, nº 2). Para isso necessitamos romper a tentação do fechamento, para sermos uma Igreja em saída, que vai em direção às pessoas, nas suas diversas realidades. Isso supõe a contínua conversão pastoral, lembrando-nos sempre de que “a conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária” (Aparecida, nº 370).
Ninguém é excluído da missão. Em virtude do batismo, todos os membros da Igreja são missionários. “Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (Evangelii Gaudium, nº 20).
Todos somos chamados a estar envolvidos na missão: adultos, jovens e também as crianças, a partir de nossa paróquia, considerando que “a paróquia é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração. Através de todas as suas atividades, a paróquia incentiva e forma os seus membros para serem agentes da evangelização. É comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário” (Evangelii Gaudium, nº 28).
Rezemos para que os participantes da Assembleia sinodal se deixem iluminar pelo Espírito Santo, e ajudem a fazer crescer na Igreja a consciência de que a evangelização é uma ação “eclesial”, que se dá em sinodalidade, na qual cada membro, com os seus dons, é importante no caminho.
Na “comunhão” e na “participação” possamos, também nós, como Diocese de Campo Limpo, caminhar juntos na missão de evangelizar, deixando-nos, igualmente, inspirar pelo tema do mês missionário deste ano: “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo” e pelo lema “Corações ardentes, pés a caminho”. Se o nosso coração estiver unido ao coração de Jesus Bom Pastor, certamente, teremos o entusiasmo e o conteúdo do anúncio que os homens e as mulheres de hoje estão esperando, especialmente os que sofrem e os que tem sede de Deus.
Outubro é também o mês do Rosário. Nessa maravilhosa oração, peçamos a intercessão de Maria, a Mãe das Missões, para que nos ajude a jamais desanimarmos de fazer tudo pelo Evangelho.
Dom Valdir José de Castro, ssp
Bispo de Campo Limpo