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Seminário Sagrada Família

Capela do propedêutico ganha obra sacra do artista Lúcio Américo

A capela do Seminário Propedêutico foi ampliada e agora tem o dobro do tamanho original. Para completar a obra, o artista sacro Lúcio Américo de Oliveira pintou um painel central inspirado nas imagens do Cristo Pantocrator.
 |  Andrea Rodrigues  |  Diocese
Foto: Andrea Rodrigues

O Seminário Propedêutico Sagrada Família ganhou no mês de junho a pintura de sua capela, que está passando por revitalização desde dezembro de 2021.

A capela do Seminário Propedêutico, inaugurada inicialmente em fevereiro do ano 2000, quando o lugar era a Casa Diaconal, foi ampliada e agora tem o dobro do tamanho original. A obra é do artista sacro Lúcio Américo de Oliveira, 42, e tem como ponto central o Senhor ressuscitado, inspirado nas imagens do Cristo Pantocrator.

Três dias: foram apenas três dias para retratar nas paredes pintadas, ainda sem vida, uma obra cheia de importantes elementos evangélicos que transformou o ambiente.

De fala mansa, traços precisos e uma espiritualidade que exala no trato com o próximo, Lúcio Américo, que outrora vivenciou por nove anos a espiritualidade franciscana, fala de cada detalhe da pintura com leveza e certeza de ter alcançado o esperado no traçado projetado meses antes.

“No primeiro contato, o projeto era bem diferente, mas as configurações do ambiente também, inicialmente seriam retratados o Cristo e os Apóstolos, como acabaram remodelando o projeto da capela e houve o ganho da luz natural, reprojetei de forma que aproveitássemos  isso”, explicou o artista ao ser perguntado sobre a inspiração para o projeto.

Com mais de 25 anos dedicados ao estudo e produção de obras sacras, já deixou seus traços em mais de 150 comunidades em toda a América Latina. mas nem só em paredes estão eternizados os seus traços: capas de livros, convites de ordenação e materiais voltados para a catequese já foram tela para este artista: “Sou amante da estética simbólica, dos elementos simbólicos da arte sacra, me identifico como um artista sacro, mas não sou um iconógrafo”, revela Lúcio.

Casado e pai do Francisco, o artista paulista, passou a infância em Santo André, filho de mãe artesã, cresceu em torno de papéis, lápis, canetinhas e o traquejo com desenhos teve início ainda na infância.

De família católica, notou seus traços ‘religiosos’ ao ajudar como membro de grupo de jovens a preparar os desenhos para o tapete nas procissões de Corpus Christi: “Eu era a pessoa que pegava os pequenos desenhos e ampliava com perfeição no asfalto para que as serragens dessem o colorido, isso era relativamente fácil e um prazer para mim, isto de alguma maneira me identificou como ‘desenhista’”, revela.

Focado em levar arte aos lugares mais periféricos e carentes, 90% das obras de Lúcio Américo estão na periferia, em lugares de roça e capelas de interior: “Isto é uma provocação particular, muitas vezes se investe muito na matriz paroquial e as comunidades geralmente são bem simples, gosto de dar a pequenas capelas um espaço convidativo à oração pintando elementos que se auto revelem, o retorno das pessoas mais simples que, ao se depararem com a pintura se conectam a oração, é impagável”.

Ainda bem jovem começou a fazer acompanhamento vocacional e ingressou na Ordem dos Frades Menores Conventuais, OFM, onde fez o caminho formativo por nove anos. Lúcio fala que muito dos seus traços tem relação com essa experiência: “Muita coisa nos meus traços ganhou corpo lá, pela experiência litúrgica, pela vivência missionária e principalmente a espiritualidade franciscana, essa espiritualidade está no meu jeito de pintar, esse traço mais limpo e rústico sem tanta preocupação com o entorno, mas o essencial eu deixo sempre deixo muito marcado”.

A Palavra de Deus e a santa liturgia são a inspiração para qualquer projeto do artista, bem como a necessidade do local e a natureza de sua utilização: “O seminário como casa formativa tem a capela habitualmente usada em vários momentos do dia para orações e a Santa Missa. No Cristo, onde se vê quase que uma estola, eu quis representar a natureza da casa, a formação dos futuros presbíteros, os futuros pastores”.

A pintura

Ao centro temos o Senhor ressuscitado, inspirado nas imagens do Cristo Pantocrator. Ele está vivo e preside solenemente a liturgia que ocorre nesse espaço. Ele é a cabeça da Igreja (Col 1,18; Ef 1,22). Em seu corpo as marcas de sua paixão. Ele passou pelo sacrifício da cruz e Deus o ressuscitou dos mortos (At 13,30). A chaga do peito verte sangue como sinal de que a misericórdia de Deus é uma fonte inesgotável, continua a cair sobre toda a Igreja e a fecunda com seu amor divino. 

As vestes do Senhor são brancas, sinal de pureza em virtude de seu sacrifício. Na auréola do Senhor as letras “alfa” e “ômega”, sinal de que Ele é o princípio e fim de todas as coisas (Ap 22,13). Somente nele temos nossa plenitude, nele a criação é transfigurada sob a luz de sua graça.

O livro aberto, em vermelho (pois é vida), nos mostra o texto tão presente nos escritos joaninos. No Evangelho de João é onde o Senhor mais se denomina como esse texto: Eu Sou o Pão da Vida (Jo 6,48); Eu Sou a Luz do Mundo (Jo 8,12), Eu Sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6); Eu Sou o Bom Pastor (Jo 10,14), etc.

No manto do Senhor, um pequeno indicativo de uma estola. Ela aqui faz referência ao que é próprio desta capela: o começo de um caminhar em conformação ao Senhor no ministério sacerdotal.

O céu ao fundo, temos sete estrelas, sinal dos dons do Espírito Santo e dos sacramentos da Igreja. Luzeiros a nos guiar no caminhar deste mundo.

A grande árvore abaixo do Senhor, pode ser lida de diversas formas. Ela é a cruz transfigurada; não mais um instrumento de tortura, mas um local de encontro com Deus e vivificada por Ele. Ela é também a imagem da Igreja (são 12 os galhos) com sua diversidade de serviços e carismas que brota e cresce do Batismo (por isso as águas abaixo em forma trinitária). Pode ser lida também como uma árvore mariana: a árvore de Jessé (Is 11,1-3) cujo fruto mais sublime é o próprio Senhor. Enfim, ela é a Árvore da Vida, aquela que sinaliza o centro do Paraíso.

A mão do Senhor está em bênção, mas também pode ser lida como sinal do orador, daquele que vai falar; e pode ser lida também como uma confissão na Trindade (três dedos juntos) e das duas naturezas de Jesus numa única pessoa (dois dedos levantados).

Para o espaço eucarístico, o painel, que formará uma unidade com o sacrário, usou-se o tema do Cordeiro de Deus. Ele está dentro de um grande prisma (quadrado) vermelho, sinal de que ele reina sobre toda a criação. Abaixo dele a Jerusalém Celeste que recebe o sangue do Cordeiro e aqui é sinal de Igreja triunfante que também participa da única liturgia da Igreja.

Na parede ao lado o anjo custódio traz nas mãos a Cruz com a inscrição grega “NI KA” que é a abreviação da expressão: “Por este sinal eu venci”. Sua vitória nos é revelada pela forma sacramental da presença viva do Senhor na Eucaristia.

Do outro lado da parede, o tema mariano. A Virgem aqui é colocada na postura das primeiras representações da orante, presente na arte cristã primitiva. Ela é aquela que intercede pelo povo, seus filhos. Sua veste vermelha em algumas tradições iconográficas é sinal de sua virgindade. Acima de sua cabeça a saudação do Anjo que está ao lado da imagem. O painel ainda se completa com elementos que são próprios do Livro do Apocalipse 12. A mulher revestida de sol e a luz debaixo dos pés. Aqui, Maria também a vitória sobre o mal com a morte da serpente. Para complementar este espaço, a figura angélica traz nas mãos a semente do Verbo que vem sobre Maria.

Como a capela tem uma grande passagem quase que a dividindo, foi pensado num grande portal com a grande videira e ao centro o “Chi Rho” como um sinal cósmico da plenitude da ação salvífica de Cristo. Ele é também um nomograma do nome do Senhor. A videira tem 12 cachos de uva, sinal também da universalidade da Igreja e de sua raiz apostólica. A videira é sinal de pertencimento, de um caminho de se fazer um com o Senhor.


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