Com o coração em missão e os pés no caminho da formação
Do outro lado do oceano, entre as paisagens históricas da Espanha e os corredores silenciosos de bibliotecas teológicas, um sacerdote da Diocese de Campo Limpo concluiu uma etapa importante de sua caminhada: o mestrado em Teologia, com especialização em Catequese, no Centro de Estudos Teológicos de Aragão (CRETA), da Universidade Pontifícia de Salamanca. Agora, com o diploma em mãos e a alma cheia de gratidão, ele se prepara para dar mais um passo: o ingresso no doutorado em Teologia Pastoral.
Desde os tempos de seminário, o padre Josias Vieira Freitas ou simplesmente padre Freitas, cujo nome é familiar a muitos pelas ações nas paróquias e pela dedicação à formação de leigos, já se via envolvido com o mundo da catequese. “A formação das pessoas é algo que gosto muito de fazer”, conta. Foi com esse desejo profundo de servir melhor que decidiu buscar uma formação mais especializada. A Espanha surgiu como oportunidade e, com ela, o desafio de mergulhar em uma realidade nova, rica em cultura, história e espiritualidade.

A experiência, como ele mesmo define, foi intensa. “Tive que me adaptar à língua, à comida, ao frio e à forma de ser da Igreja na Espanha”, relata. Convivendo com colegas de diferentes partes do mundo, América Latina, África, Europa, pôde ampliar sua visão pastoral e aprender, não apenas nas salas de aula, mas também na convivência com uma Igreja que enfrenta outros desafios, e que o ajudou a crescer como pessoa e como padre.
Sua dissertação de mestrado, intitulada “La antropología del Vaticano II y la renovación de la catequesis de la Iglesia de Brasil”, busca conectar o olhar antropológico do Concílio Vaticano II, especialmente presente na constituição Gaudium et Spes, com os caminhos trilhados pela catequese brasileira. “Quis mostrar que catequizar é conectar o Evangelho com a vida das pessoas, com seus desafios e sua busca por sentido”, resume.
Para ele, essa abordagem pode ser muito fecunda para a missão evangelizadora da Diocese. “Podemos oferecer uma catequese mais viva, que supere a lógica da aula e evite um intimismo alienante. Precisamos tocar os corações”, defende. Nesse espírito, o padre afirma que a catequese, longe de ser um setor isolado, deve iluminar a vida da Igreja e suas ações. Com uma metáfora inspirada nas Escrituras, diz: “Somos sempre como o eunuco da rainha dos etíopes (At 8,26-40), que, ao encontrar Filipe, pede: ‘explica-me estas palavras’... Todos somos, ao mesmo tempo, catequistas e catequizandos”.

A saudade da terra natal, o esforço de adaptação e as exigências do curso foram alguns dos desafios enfrentados nessa jornada. Mas também houve muitas alegrias: novas amizades e oração profunda, como nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio e o crescimento humano e espiritual.
Com o mestrado concluído, o padre já está matriculado no doutorado em Teologia Pastoral, também pela Universidade Pontifícia de Salamanca. O desejo é claro: “Quero seguir me formando para, quando voltar à Diocese, ter ainda mais ferramentas para colaborar na formação de catequistas e agentes de pastoral”.
Em mensagem à Diocese de Campo Limpo, ele agradece pelo apoio e pelas orações: “Obrigado a todos pelo carinho. Agradeço especialmente a Dom Valdir José de Castro, nosso bispo, por me incentivar desde o início. E agradeço, sobretudo, a Deus, que me chamou à vida e à vocação”.