Missa da Ceia do Senhor no CDP de Itapecerica: Gesto de esperança e serviço

Na última quinta-feira, 17 de abril, um dos pátios internos do Centro de Detenção Provisória de Itapecerica da Serra, o “ASP Nilton Celestino”, recebeu um ambiente diferente. Em meio ao concreto e à vigilância constante, a fé floresceu no coração dos presentes. Cerca de 25 detentos e agentes participaram da Missa da Ceia do Senhor, com o tradicional gesto do Lava-pés, celebrada por Dom Valdir José de Castro, bispo da Diocese de Campo Limpo, acompanhado do padre Alexandre Matias, assessor da Pastoral Carcerária, e cinco membros da pastoral.
Durante a homilia, Dom Valdir, com palavras carregadas de compaixão e firmeza, falou da esperança que permanece inabalável, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. “A esperança não é passageira, a nossa esperança é Cristo. Jesus é a nossa esperança”, disse, tocando os corações dos presentes.
Homilia de Dom Valdir: O Legado de Jesus na Ceia do Senhor
“Na celebração da Ceia do Senhor, recordo três gestos significativos de Jesus antes de se entregar na Cruz por amor e pela nossa salvação”, começou Dom Valdir. Ele destacou o profundo significado da Eucaristia, onde Jesus institui o memorial de Sua presença entre nós. Como disse São Paulo, “na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão... e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em minha memória...’”.
Em seguida, o bispo enfatizou o mandamento do amor, onde Jesus nos ensina a amar uns aos outros, como Ele nos amou. “Todos reconhecerão que vocês são meus discípulos, se amarem uns aos outros”, disse Dom Valdir, lembrando que o amor de Deus se reflete nas ações concretas de acolhida, perdão, misericórdia e partilha.
Por fim, o gesto do Lava-pés foi lembrado como o serviço de humildade que Jesus nos deixou. “Ele nos mostrou que o amor deve nos levar ao serviço, a tornar-se os menores para servir a todos”, disse o bispo, citando as palavras de Jesus: “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”.
O Gesto de Lava-pés: Um Símbolo de Humildade e Esperança
O ponto alto da celebração foi o gesto simbólico do Lava-pés, realizado com doze encarcerados. Este momento de profunda humanidade e reverência transformou o espaço em algo sagrado, tocando os corações dos presentes, que, em silêncio, acompanharam com emoção o gesto de serviço de Dom Valdir.
Inspirado pelo Evangelho, que diz: “Estive preso e vieste me visitar” (Mt 25, 36), a Pastoral Carcerária cumpriu sua missão de promover a dignidade humana e evangelizar no contexto do encarceramento. Em Itapecerica da Serra, onde mais de 1.400 presos, em sua maioria jovens, vivem no CDP, a presença da Igreja torna-se luz em meio à sombra do sistema prisional.
Dom Valdir enfatizou ainda, antes do término da celebração, que o desânimo não deve ser o companheiro de nenhum dos presentes. Mesmo diante das dificuldades e obstáculos do caminho, Cristo, que é a nossa esperança, está sempre presente. Ao falar sobre o tema do Ano Santo, convidou todos a se agarrarem à “âncora” — Jesus Cristo — que nos ajuda a viver com sentido e a encontrar forças para seguir em frente.
O Compromisso da Pastoral Carcerária
A visita de Dom Valdir não foi apenas um ato litúrgico, mas um gesto concreto contra a indiferença, mostrando compaixão e compromisso com aqueles que muitas vezes são esquecidos pela sociedade. A Pastoral Carcerária, ao entrar nos cárceres, vai além das palavras: ela leva a presença da Igreja, que toca, escuta e caminha com os últimos.
Mesmo entre as grades, a esperança continua a nascer, reafirmando que a verdadeira missão da Igreja é estar presente nos lugares mais difíceis, levando a palavra de Cristo e o amor que liberta.
Participe da Pastoral Carcerária: Para informações sobre como se envolver, entre em contato através do WhatsApp da Diocese. (11) 3584-9036