O compromisso com a inclusão plena
Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado anualmente em 3 de dezembro. A data nasceu como um chamado à conscientização global e ao compromisso concreto para promover os direitos e a plena participação das pessoas com deficiência, estimulando governos, instituições e a sociedade civil a avançarem na construção de um mundo verdadeiramente inclusivo.
A compreensão contemporânea da deficiência, consolidada pelo modelo social e reafirmada pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), reconhece que ela não é uma característica isolada do indivíduo, mas o resultado da interação entre limitações funcionais e barreiras sociais, culturais, urbanísticas e atitudinais. São essas barreiras, físicas, comunicacionais e sobretudo mentais, que restringem o acesso a direitos, oportunidades e espaços de convivência, configurando desigualdades persistentes.
Segundo o último Relatório Mundial da Deficiência, elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Banco Mundial, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com algum tipo de deficiência. Trata-se da maior minoria global, frequentemente invisibilizada nas políticas públicas e ainda distante do pleno acesso a serviços essenciais. Apesar dos avanços normativos e tecnológicos das últimas décadas, as pessoas com deficiência seguem entre os grupos mais excluídos do sistema educacional, dos serviços de saúde, da proteção social e do mercado de trabalho. O desemprego e a informalidade atingem esse público com intensidade desproporcional, revelando o quanto a inclusão ainda se limita, muitas vezes, ao discurso.
No Brasil, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), de 2015, representa um marco civilizatório ao estabelecer princípios, direitos e mecanismos de proteção. Ela reforça a importância da acessibilidade, prevê a participação social como condição para a cidadania e coloca a pessoa com deficiência no centro das decisões que lhe dizem respeito. No entanto, a realidade cotidiana ainda denuncia lacunas significativas: espaços públicos inacessíveis, transporte insuficiente, escolas despreparadas, ausência de apoio especializado e permanência de preconceitos que silenciam e segregam.
Diante desses desafios, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência não se limita à celebração de conquistas, ele nos convoca à responsabilidade. Trata-se de reconhecer que a inclusão é um processo coletivo, permanente e que exige não apenas políticas robustas, mas sobretudo mudança cultural. Construir uma sociedade mais justa passa por ouvir as pessoas com deficiência, assegurar sua autonomia, valorizar sua presença e compreender que a diversidade humana não é um obstáculo, mas uma riqueza que amplia nossa visão de mundo.
Na Diocese de Campo Limpo, essa missão se expressa de modo concreto por meio da Pastoral da Deficiência, que atua em parceria com a Fraternidade Cristã da Pessoa com Deficiência do Brasil. Com presença crescente no território diocesano, a pastoral tem promovido encontros, formação, acolhida e iniciativas que fortalecem a participação plena das pessoas com deficiência na vida da Igreja e da comunidade, testemunhando que ninguém deve ficar à margem quando se trata de dignidade e esperança.