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Pastoral Carcerária

Pastoral Carcerária: Cristo e o desafio das prisões

Norteada pelo evangelho, a Pastoral Carcerária busca levar o Evangelho aos encarcerados. O Núcleo da Diocese de Campo Limpo conta com a participação de novos membros para levar adiante sua missão.
 |  Pe. Rodrigo Antonio  |  Diocese
Foto: Pe. Rodrigo Antonio

Na tarde do domingo, 28 de maio, em que a Igreja celebrou a solenidade de Pentecostes, fazia frio. O clima era convidativo para permanecer em casa, aproveitando o dia do Senhor para um merecido repouso. Mas, no Centro Pastoral Sagrada Família, um grupo de pessoas de diferentes comunidades da Diocese estava reunido. O motivo? Estavam tratando de como anunciar o Evangelho para os encarcerados.

A reunião, que acontece mensalmente aos quartos domingos, dispunha de novos rostos: pessoas que manifestaram interesse diante do convite que a Pastoral Carcerária fez através das paróquias. 

O encontro formativo iniciou com a acolhida e apresentação dos que vieram pela primeira vez. Em seguida, Valfrido Gonçalves, coordenador diocesano da Pastoral Carcerária, apresentou dados alarmantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a situação da população carcerária no Brasil e no estado de São Paulo. Atualmente o sistema carcerário brasileiro tem aproximadamente 810 mil presos num sistema prisional que dispõe de 437 mil vagas. 

Na sequência, padre Wallace Adorno, assessor diocesano da Pastoral Carcerário e pároco da paróquia São Francisco de Assis, M’Boi Mirim, conduziu um momento de meditação e espiritualidade para os agentes da pastoral. Enquanto o padre falava, muitos se sentiram à vontade para partilhar suas considerações sobre o desafio de anunciar o Reino nas prisões, bem como a o preconceito a ser superado, o resgate da dignidade de muitos dos encarcerados, entre outros. 

Meu sonho é ter um preso trabalhando. A legislação oferece muitos benefícios para empresas que os recebem, mas o sistema como um todo não oferece oportunidades para estas pessoas trabalharem.

Valfrido Gonçalves, Coordenador da Pastoral Carcerária

Na Diocese de Campo Limpo, a Pastoral Carcerária busca realizar atividades e visitas no Centro de Detenção Provisória "ASP Nilton Celestino" de Itapecerica da Serra. O local possui uma população de 1285 presos que dividem o espaço de 845 vagas. Quando é possível, são organizadas visitas da Pastoral e a celebração da Missa. Mensalmente são entregues cerca de 40 exemplares do livreto ‘Liturgia Diária’, que contém os textos bíblicos proclamados diariamente nas Missas. 

Membro da Pastoral desde 2016, Valfrido relata sua experiência: “Eu me interessei pela Pastoral Carcerária porque eu percebi que a sociedade precisa se envolver na solução da criminalidade. A sociedade precisa entender que a criminalidade é um problema nosso. As famílias e as pessoas em geral precisam se preocupar com a educação desde os primeiros anos para dar uma nova direção aos jovens”. A preocupação de Valfrido não é sem motivos: atualmente 46,4% dos presos têm entre 18 e 29 anos, indicando que os jovens formam um grandioso grupo dentre os encarcerados. 

Cumprindo a indicação evangélica “Estive preso e vieste me visitar” (Mt 25, 36), a Pastoral Carcerária busca ser a presença de Cristo e da Igreja no ambiente prisional. Para isto, os agentes da pastoral buscam levar o Evangelho aos presos e seus familiares através da escuta e do acolhimento. Contribuem para o processo de iniciação à vida cristã e para a vivência dos sacramentos, e atuam no enfrentamento às violações de direitos humanos e da dignidade humana que ocorrem dentro do cárcere.

O trabalho é duro e depende de muitos fatores, como a disposição de agentes que voluntariamente se dispõem a ajudar nas atividades da pastoral. Em todo caso, Valfrido vislumbra que o trabalho proporcione maior conscientização das pessoas e melhor acolhimento dos egressos das prisões: “Meu sonho é ter um preso trabalhando. A legislação oferece muitos benefícios para empresas que os recebem, mas o sistema como um todo não oferece oportunidades para estas pessoas trabalharem”. 

A Pastoral Carcerária continua aberta a receber novos membros interessados em doar parte do seu tempo para ser presença de Cristo nas prisões. Caso você tenha interesse, entre em contato diretamente com o sr. Valfrido através do e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou na paróquia onde você participa.