Skip to main content

Jubileu da Pastoral da Pessoa com Deficiência

Caminhada de Fé e Inclusão marca Jubileu da Pessoa com Deficiência

Com sorrisos, acolhimento e emoção, a Diocese de Campo Limpo celebrou o quinto Jubileu Temático, reforçando a importância da inclusão e do protagonismo das pessoas com deficiência na Igreja.
 |  Andrea Rodrigues  |  Diocese

O sábado, 15 de março, amanheceu nublado, e a previsão de chuva indicava que, por volta das 10 horas, horário da peregrinação, as condições climáticas não atrapalhariam a caminhada penitencial. A chuva não apareceu, e o quinto Jubileu Temático Diocesano, dedicado à Pastoral da Pessoa com Deficiência, aconteceu com céu aberto e muitos sorrisos.

Os participantes começaram a chegar às 8 horas da manhã, muitos vieram transportados pelo sistema Atende (modalidade de transporte porta a porta, gratuito aos seus usuários, com regulamento próprio, oferecido pela Prefeitura de São Paulo). Dezenove unidades trouxeram dezenas de pessoas com deficiências motoras ou neurológicas. Outros vieram acompanhados por pais, parentes ou amigos, com transporte próprio.

carmo1

O Padre Eduardo Macgettrick, assessor da pastoral, chegou cedo e, com sua habitual atenção, recebeu não só os atendidos pela pastoral, mas também membros de outros grupos de inclusão, como a Fraternidade Cristã da Pessoa com Deficiência (FCD) de Santo Amaro e Brasilândia, movimentos, ONGs e diversos outros projetos. Os participantes da FCD do Jardim Angela também participaram em grande número, as reuniões acontecem no Centro São José, ao lado da Comunidade Nossa Senhora do Caminho, comunidade da paróquia Nossa senhora da Esperança. Os participantes foram agraciados com um farto e delicioso café da manhã. O ambiente estava repleto de conversas, abraços e risadas, preparando todos para a peregrinação, que teve início às 10h, partindo da Cáritas Campo Limpo, a apenas 250 metros da Catedral.

Caminhada Penitencial

Por volta das 9h30, com a maioria dos participantes já presentes, todos seguiram em direção à Cáritas para dar início à celebração Jubilar. Na quadra ornamentada com o tema do Ano Jubilar — Peregrinos da Esperança —, Dom Valdir José de Castro, SSP, bispo diocesano, acolheu a todos e deu início ao rito que precedeu a caminhada penitencial.

Os 250 metros até a Catedral foram percorridos em cerca de 20 minutos, ao som de salmos e com a presença de bandeiras que destacavam a invisibilidade das pessoas com deficiência e neurodivergentes. Entre os esforços para empurrar cadeiras de rodas, caminhar com moletas, próteses ou bengalas, a sensação de união e perseverança estava no ar.

pasped10
Peregrinos da Esperança - Pastoral da Pessoa com Deficiência. — Imagem: Andrea Rodrigues

Celebração

Na entrada lateral esquerda da Catedral, todos foram recebidos com carinho e acolhimento por Dom Valdir, que fez questão de acolher um a um, pessoalmente, as centenas de participantes. Participaram aproximadamente 250 pessoas com diversas deficiências, incluindo, participantes da Diocese de Santo Amaro e de bairros da Zona Leste,  ao todo umas 400 pessoas estiveram presente.

A celebração contou com a concelebração dos padres: Hercílio Pessoa (Diretor da Cáritas Campo Limpo), Ezaques Tavares (Coordenador de Pastoral), Darci Bortolini (Assessor da Pastoral da Ecologia), José Wilson (pároco da Paróquia Nossa Senhora da Esperança), Rodrigo Antonio da Silva (Vigário Episcopal para a Comunicação e Vigário da Catedral Sagrada Família), e Sandro Ely (pároco da Catedral e cerimoniário da celebração). Participaram ainda os diáconos permanentes Divino Damasceno, Angelo Cassetare e o seminarista Henrique Souza.

A organização litúrgica da missa ficou a cargo da Pastoral da Pessoa com Deficiência, com participantes da pastoral conduzindo as leituras, o ofertório e o pós comunhão, momentos marcantes e cheios de emoção, momentos também que provaram que deficiência não significa de nenhuma maneira limitação.

Homilia

Na homilia, Dom Valdir refletiu sobre a liturgia do dia e o acolhimento: "É com espírito de acolhimento que a Igreja de Campo Limpo recebe cada um de vocês, com a mesma ternura com que Deus Pai nos acolhe. Esta e outras pastorais não devem ser marginalizadas, mas precisam estar no centro das preocupações, do amor e da atenção da Igreja. O Papa Francisco nos ensina: ‘Promover o reconhecimento da dignidade de todas as pessoas é uma responsabilidade constante da Igreja’. Sei que o sofrimento é ainda maior para vocês, que vivem em um mundo onde as pessoas são valorizadas pela eficiência, pela força, pelas capacidades e pelo dinheiro. A Igreja quer valorizar cada um de vocês, como Jesus fez, pelo que são. Cada um é digno, tem sua dignidade, e a deficiência, embora com muitos graus, não diminui nossa filiação a Deus. A Igreja quer e deseja acolher a todos vocês, e, graças a Deus, temos esta pastoral presente".

pasped1

Antes da bênção final, Padre Eduardo destacou a importância de a Igreja estar ciente das alegrias, esperanças, necessidades e obstáculos enfrentados por todos os seus membros. Ele enfatizou a necessidade de um maior entendimento das diferentes condições de deficiência e da importância de respeitar cada pessoa para que todos possam desenvolver plenamente sua vocação na Igreja.

Em seu encerramento, Padre Eduardo ainda fez questão de ressaltar: "É necessário distinguir entre limitações físicas, sensoriais, intelectuais e cognitivas. Precisamos tomar consciência das barreiras culturais e físicas que impedem nossa plena participação na vida da Igreja. Precisamos fazer barulho — e este é o tipo de barulho necessário: estar na Igreja e participar da vida espiritual, pastoral e social como protagonistas de nossas próprias vidas".

pasped4
Padre Eduardo, Assessor Diocesano da Pastoral da Pessoa com Deficiência. — Imagem: Andrea Rodrigues.

Repartir amor, unir forças

O casal de deficientes visuais, Lucila da Silva Peris Balbino e Adriano Marcos Balbino, membros da comunidade paroquial São Luiz Gonzaga, Forania M’Boi Mirim, cantou lindamente, no pós-comunhão, a música Momento Novo. A canção expressa, em sua letra, que a força que faz brotar a vida e habita em cada um de nós é a graça de Deus; é Ele quem nos convida a trabalhar, a repartir o amor e a unir as forças.

Antes da benção final todos fizeram, em uníssono, a oração do Ano Santo e Dom Valdir ainda fez questão de reforçar que a condição de deficiência não é um obstáculo ao seguimento de Cristo e que a Igreja, a Catedral Sagrada Família, Igreja Mãe da Diocese, está de portas abertas para todos.

Os Jubileus temáticos na Diocese seguem durante todo o ano e serão ao todo 21. Em Roma o Jubileu da Pessoa com Deficiência acontecerá no mês de abril, nos dias 28 e 29.

pasped2