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Centenas de ações por toda diocese já distribuiu 400 toneladas de alimentos e mais de oito mil máscaras

Passos lentos, mãos vazias e um único desejo: “Pode me ajudar com algum alimento?” As paróquias tem sido lugar de busca diária de ajuda para muitas pessoas afetadas pela crise econômica provocada pelo coronavírus. Não dá para precisar ao certo o número de pedidos diários, mas são muitos.

São duas frentes, de um lado mais pessoas necessitadas, reflexo da crise econômica causada pela pandemia, do outro uma resposta solidária de milhares de pessoas que mesmo com um cenário desconhecido e longe do término, estão doando mais.

“Desde o dia 20 de março não arrumo uma faxina, meu marido está desempregado e com duas crianças, preciso me sujeitar a pedir ou vamos passar fome”, relata Mônica Silva, 48 anos ao bater na porta de uma das 105 paróquias da Diocese de Campo Limpo.

Os números do Covid-19 na Capital Paulista, onde está localizado grande parte do território da Diocese assustam, são mais de 4.200 mil mortos e 87,2% dos leitos de UTI’s ocupados, até está segunda (15), segundo dados da Secretaria Municipal do Estado.

Outro dado preocupante é o grande número de vítimas na periferia da capital, no território periférico diocesano, só nos bairros do Capão Redondo, Jardim São Luiz e a Jardim Ângela, são 320 mortos pelo coronavirus. A cada dez vítimas fatais, pelo menos sete tem mais de 60 anos, daí a preocupação com as pessoas da maior idade.

“Aqui é difícil este isolamento social, como é que fica com cinco crianças dentre de um barraco de dois cômodos, eu mando ir para a rua mesmo, não tem escola e aqui na favela não tem o que fazer”, relata a Dona de cada Maria das Graças de 38 anos, moradora de invasão próxima a Cohab Adventista, quando perguntada sobre como esta sendo a  prevenção da sua família.

Pandemia x Solidariedade

Com as missas suspensas as paróquias imediatamente começaram a se reinventar para viver a fé neste tempo de pandemia com as transmissões das missas e outros momentos de oração on-line, mas, não só a dimensão espiritual está sendo alimentada desde o início da pandemia, já foram arrecadados e doados, segundos dados diocesanos,  400 toneladas de alimentos em todas as foranias que compõe a diocese.

“Vivemos um tempo em que o desemprego aumentou e, consequentemente, a pobreza. Pessoas que já viviam em situação de pobreza são as mais prejudicadas. Estamos atentos a essa realidade e as paróquias e comunidades da nossa diocese, tenho recebido muitos relatos, estão somando forças para ajudar os mais vulneráveis nesse tempo de crise”, relata padre Marcos Patrício, Coordenador de Pastoral Diocesano.

Não são ações pontuais, são ações que se repetem e tem feito nascer a Pastoral Social que chega para ficar. “Nasceu na pandemia, mas vai estar presente na história das nossas paróquias sempre, solidariedade não tem tempo, entendemos que é também nossa missão”, relata padre Andre Vascon da Paróquia São Luiz Gonzaga, uma das sete paróquias em que nasceu a Pastoral Social nos últimos meses.

Solidariedade nas ruas e máscaras

Muitas paróquias com centenas de voluntários também têm, desde o mês de março, se organizado para distribuir aos moradores de rua, café da manhã, almoço e também ‘sopão’ à noite. 

“No começo fazíamos na cozinha de uma das nossas capelas, com a necessidade de um maior isolamento social, cada família assumiu o compromisso de fazer nas suas casas 10 marmitex que são recolhidos e distribuídos por voluntário”, conta a experiência em sua paróquia padre Alberto Gambarini.

Item obrigatório, a máscara de proteção individual descartável, se mostrou inviável ao longo do tempo e até esteve em falta, com isto, uma verdadeira legião de costureiras começaram a recolher os retalhos que tinham em casa e fizeram inclusive modelos e tamanhos variados para serem distribuídos.

“Vou te confessar, costurar essas máscaras foram também um jeito de me distrair, peguei todos os retalhos que tinha e também ganhei outros de vizinhos, neste três meses isolada, já costurei mais de 460 máscara para doar”, relata orgulhosa dona Nicinha [Eunice] do parque Regina.

Uma estimativa do Setor Comunicação da diocese aponta que mais de oito mil máscaras já foram doadas em ações nas ruas ou dentro dos kits de higiene nas diversas iniciativas, particulares ou paroquiais, feitas em todo território diocesano.

Efeitos econômicos nas paróquias

Mesmo com a flexibilização do isolamento social, as igrejas da diocese vão continuar fechadas e ainda sem previsão para a abertura, e sem as cerimônias, missas e outras celebrações as paróquias tem sofrido para honrar os compromissos básicos de água, luz e telefone.

Três meses depois de declarada a pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e de decretos estadual e municipais determinarem o isolamento social, a mesma preocupação que ronda lares e empresas é também a que preocupa o clero.

São contas básicas, mas tem também a preocupação com os funcionários das paróquias, encargos e benefícios. Para driblar a crise financeira as comunidades também se reinventam. De venda de pão a Festa Junina delivery,  os padres tem se desdobrado para fechar as contas no final do mês.

No momento o alerta é cuidar da própria vida, dos outros e da família devido à COVID-19, mas o apelo é também para que os católicos não se esqueçam das suas comunidades, pois, mesmo não reunindo os fieis a Igreja está viva e atuante.

 “Continuem sendo generosos , colabore com o dízimo e as ofertas para continuidade das obras de caridade”, ressalta padre Marcos Patrício, coordenador do Setor Pastoral Diocesano.

 |  Redação  |  Diocese
Andrea Rodrigues

Passos lentos, mãos vazias e um único desejo: “Pode me ajudar com algum alimento?” As paróquias tem sido lugar de busca diária de ajuda para muitas pessoas afetadas pela crise econômica provocada pelo coronavírus. Não dá para precisar ao certo o número de pedidos diários, mas são muitos.

São duas frentes, de um lado mais pessoas necessitadas, reflexo da crise econômica causada pela pandemia, do outro uma resposta solidária de milhares de pessoas que mesmo com um cenário desconhecido e longe do término, estão doando mais.

“Desde o dia 20 de março não arrumo uma faxina, meu marido está desempregado e com duas crianças, preciso me sujeitar a pedir ou vamos passar fome”, relata Mônica Silva, 48 anos ao bater na porta de uma das 105 paróquias da Diocese de Campo Limpo.

Os números do Covid-19 na Capital Paulista, onde está localizado grande parte do território da Diocese assustam, são mais de 4.200 mil mortos e 87,2% dos leitos de UTI’s ocupados, até está segunda (15), segundo dados da Secretaria Municipal do Estado.

Outro dado preocupante é o grande número de vítimas na periferia da capital, no território periférico diocesano, só nos bairros do Capão Redondo, Jardim São Luiz e a Jardim Ângela, são 320 mortos pelo coronavirus. A cada dez vítimas fatais, pelo menos sete tem mais de 60 anos, daí a preocupação com as pessoas da maior idade.

“Aqui é difícil este isolamento social, como é que fica com cinco crianças dentre de um barraco de dois cômodos, eu mando ir para a rua mesmo, não tem escola e aqui na favela não tem o que fazer”, relata a Dona de cada Maria das Graças de 38 anos, moradora de invasão próxima a Cohab Adventista, quando perguntada sobre como esta sendo a  prevenção da sua família.

Pandemia x Solidariedade

Com as missas suspensas as paróquias imediatamente começaram a se reinventar para viver a fé neste tempo de pandemia com as transmissões das missas e outros momentos de oração on-line, mas, não só a dimensão espiritual está sendo alimentada desde o início da pandemia, já foram arrecadados e doados, segundos dados diocesanos,  400 toneladas de alimentos em todas as foranias que compõe a diocese.

“Vivemos um tempo em que o desemprego aumentou e, consequentemente, a pobreza. Pessoas que já viviam em situação de pobreza são as mais prejudicadas. Estamos atentos a essa realidade e as paróquias e comunidades da nossa diocese, tenho recebido muitos relatos, estão somando forças para ajudar os mais vulneráveis nesse tempo de crise”, relata padre Marcos Patrício, Coordenador de Pastoral Diocesano.

Não são ações pontuais, são ações que se repetem e tem feito nascer a Pastoral Social que chega para ficar. “Nasceu na pandemia, mas vai estar presente na história das nossas paróquias sempre, solidariedade não tem tempo, entendemos que é também nossa missão”, relata padre Andre Vascon da Paróquia São Luiz Gonzaga, uma das sete paróquias em que nasceu a Pastoral Social nos últimos meses.

Solidariedade nas ruas e máscaras

Muitas paróquias com centenas de voluntários também têm, desde o mês de março, se organizado para distribuir aos moradores de rua, café da manhã, almoço e também ‘sopão’ à noite. 

“No começo fazíamos na cozinha de uma das nossas capelas, com a necessidade de um maior isolamento social, cada família assumiu o compromisso de fazer nas suas casas 10 marmitex que são recolhidos e distribuídos por voluntário”, conta a experiência em sua paróquia padre Alberto Gambarini.

Item obrigatório, a máscara de proteção individual descartável, se mostrou inviável ao longo do tempo e até esteve em falta, com isto, uma verdadeira legião de costureiras começaram a recolher os retalhos que tinham em casa e fizeram inclusive modelos e tamanhos variados para serem distribuídos.

“Vou te confessar, costurar essas máscaras foram também um jeito de me distrair, peguei todos os retalhos que tinha e também ganhei outros de vizinhos, neste três meses isolada, já costurei mais de 460 máscara para doar”, relata orgulhosa dona Nicinha [Eunice] do parque Regina.

Uma estimativa do Setor Comunicação da diocese aponta que mais de oito mil máscaras já foram doadas em ações nas ruas ou dentro dos kits de higiene nas diversas iniciativas, particulares ou paroquiais, feitas em todo território diocesano.

Efeitos econômicos nas paróquias

Mesmo com a flexibilização do isolamento social, as igrejas da diocese vão continuar fechadas e ainda sem previsão para a abertura, e sem as cerimônias, missas e outras celebrações as paróquias tem sofrido para honrar os compromissos básicos de água, luz e telefone.

Três meses depois de declarada a pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e de decretos estadual e municipais determinarem o isolamento social, a mesma preocupação que ronda lares e empresas é também a que preocupa o clero.

São contas básicas, mas tem também a preocupação com os funcionários das paróquias, encargos e benefícios. Para driblar a crise financeira as comunidades também se reinventam. De venda de pão a Festa Junina delivery,  os padres tem se desdobrado para fechar as contas no final do mês.

No momento o alerta é cuidar da própria vida, dos outros e da família devido à COVID-19, mas o apelo é também para que os católicos não se esqueçam das suas comunidades, pois, mesmo não reunindo os fieis a Igreja está viva e atuante.

 “Continuem sendo generosos , colabore com o dízimo e as ofertas para continuidade das obras de caridade”, ressalta padre Marcos Patrício, coordenador do Setor Pastoral Diocesano.