Missão Jovem na Amazônia: Uma experiência enriquecedora
No ano de 2013, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, o Papa Francisco, em um de seus discursos na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, contou sobre um sonho de sua juventude: “partir missionário para o longínquo Japão. Mas Deus me mostrou que o meu território de missão estava muito mais perto: na minha pátria. Ajudemos os jovens a perceberem que ser discípulo missionário é uma consequência de ser batizado, é parte essencial do ser cristão, e que o primeiro lugar onde evangelizar é a própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a família e os amigos. Não poupemos forças na formação da juventude!”.
Essas palavras do Santo Padre, somadas a tantas outras durante aquela edição da JMJ que teve como lema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19), foram ao encontro das atividades que já estavam sendo promovidas pela Comissão Episcopal da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para a juventude, que, no ano de 2012, organizou um Seminário Jovem em parceria com as Pontifícias Obras Missionárias, organismo do Vaticano responsável pelas missões.
Em outubro de 2013, três anos após a JMJ no Rio, nasceu o “Projeto Missão Jovem na Amazônia”, que reuniu, na primeira edição, cerca de 72 jovens, de 18 a 35 anos, e de diversas partes do país, para uma experiência de anúncio e testemunho em quatro dioceses da região amazônica. Desde então, foram realizadas seis edições, sendo a última na diocese de Macapá, no Amapá, entre os dias 9 e 17 de dezembro de 2023, na qual os jovens missionários puderam viver uma experiência de “Igreja em saída”, conhecendo outras realidades, sejam elas de nível cultural, social ou eclesial. É uma experiência de missão, na qual se pressupõe que o missionário que irá levar algo, quando na verdade é ele que recebe e volta com as bagagens cheias de experiência.
A Missão Jovem não é só marcada pela evangelização "Ad extra" (missão para além dos muros), mas também pela dimensão "Ad intra" (missão interna). Na verdade, com o tempo de caminhada, percebemos que tudo é missão: as portas abertas e fechadas, os sorrisos ou rostos emburrados, as alegrias e as frustrações, tudo nos forma e edifica. Uma tentação que pode ser comum é a de emitir diagnósticos e juízos, comparando a realidade do campo de missão com a nossa realidade eclesial. Em Macapá, por exemplo, as expressões de espiritualidade carismática, como a RCC (Renovação Carismática Católica), não são tão expressivas como ocorre no sul e sudeste do país. A realidade juvenil na Amazônia é marcada pela PJ (Pastoral da Juventude).
Neste sentido, ocorre a missão "Ad intra", com as trocas entre jovens missionários e os jovens das paróquias que acolhem a missão, numa bonita experiência sinodal e de comunhão fraterna. Em comunidades isoladas, em capelas simples e pequeninas, nos corações abertos e sedentos por Deus, é possível contemplar e revelar a face de Deus em cada irmão.
Na dimensão "Ad extra", a experiência contempla visitas às famílias de comunidades ribeirinhas, acessadas somente por um trajeto de cerca de 10 minutos de barco, localizada na Ilha de Santana, no município de Santana, Amapá. Na região metropolitana, os idosos e enfermos foram visitados, assim como famílias que vivem nas palafitas, no bairro Nova Esperança, em Macapá. Também aconteceu a visita em uma das escolas do município, localizada próxima de uma das paróquias, além dos encontros de partilha com os acolhidos da Fazenda da Esperança, instituto reconhecido em todo o território e que conta com uma unidade em Macapá.
Para aqueles que desejam participar dessa experiência, a próxima Missão Jovem na Amazônia será em Marabá, na região sudeste do Estado do Pará. A data ainda não foi confirmada, mas será entre a segunda e terceira semana do mês de dezembro deste ano. Para participar, basta fazer a inscrição, e o missionário precisa arcar com os custos de viagem e uma pequena taxa de inscrição. A acomodação, translado e alimentação durante os dias de missão são de responsabilidade da diocese que acolhe. Pode ter certeza de que vale a pena, afinal, “ninguém que tenha abandonado, por amor do Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos não receba muito mais neste mundo e no mundo vindouro a vida eterna” (Lc 18, 29-30).