Padre Alberto Gambarini descobre nas ‘lives’ uma maneira de se reinventar e evangelizar
Em tempos de pandemia, Padre Alberto Gambarini aderiu às lives e não só celebra missas on-line como mostra com muito bom humor em suas redes sociais como vencer dia a dia o desgaste emocional do isolamento social.
Em tempos de pandemia, Padre Alberto Gambarini aderiu às lives e não só celebra missas on-line como mostra com muito bom humor em suas redes sociais como vencer dia a dia o desgaste emocional do isolamento social.
Uma das principais transformações nos perfis observadas em tempos de isolamento social por causa da pandemia do coronavírus foi o grande crescimento das lives. As transmissões ao vivo por plataformas como Instagram, Youtube e Facebook ganham cada dia mais adeptos e entre o clero da Diocese de Campo Limpo não é diferente.
Padre Alberto Gambarini, conhecido pelo Programa Encontro com Cristo e pároco do Santuário Nossa Senhora dos Prazeres e Divina Misericórdia, em Itapecerica da Serra, não só aderiu às lives como promete continuar com esse tipo de transmissão, mesmo ao término da pandemia.
Desde meados de março, quando o isolamento social fez com que as missas presenciais fossem suspensas em toda a diocese, o feed e stories do perfil do Padre Alberto começaram a mudar. Como muitos padres, o padre comunicador e carismático viu uma oportunidade de se reinventar e de ao mesmo tempo, manter abastecidos da Palavra seus seguidores. Mensagens, orações, entrevistas e até um pouco da sua intimidade começaram a surgir no seu feed e o número de seguidores não para de aumentar.
“As lives estão sendo para mim uma maneira de me reinventar, nos últimos anos trabalhei, primeiro com rádio e depois com programas para a televisão, meu contato maior com as redes sociais era com o Facebook, mas nada ao vivo. Estou não só me reinventando com esse imediatismo e interatividade das redes sociais, como também estou aprendendo a utilizar toda essa tecnologia, já que estou cumprindo o isolamento social em minha casa”, revela padre Alberto.
Com conteúdos completamente variados, que vão desde dicas para passar pela quarentena, convites para oração do terço, mensagens de esperança e claro a Santa Missa, padre Alberto, de 65 anos, grava sozinho e posta seus conteúdos orgulhoso do que já aprendeu nesta quarentena. “Para os jovens é mais fácil, eles já estavam envolvidos nesta atmosfera antes da pandemia, para nós, com um pouquinho mais de idade [risos], dá um pouco mais de trabalho, mas tenho aprendido todos os dias”, confessa.
Desde o dia em que a Justiça de São Paulo proibiu a realização de missas e cultos no estado, em 20 de março, até o final do mês de abril, o volume de buscas pela palavra "missa" no Google cresceu 809% e no Youtube a busca pela mesma palavra cresceu 266%.
“As pessoas não podiam ficar sem receber a comunhão, ainda que fosse apenas espiritual, saí de uma zona de conforto buscando nestes meios chegar até as pessoas que continuam necessitando da Palavra. As redes sociais têm uma linguagem própria, é uma relação mais intimista, mais próxima, percebo isso nos comentários, muita gente envia seu testemunho e fala sobre como essa proximidade ‘on-line’ tem lhes feito bem, é mais um meio para cumprir a ordem de Jesus: IDE”, relata.
Segundo dados do Google Trends, que monitora as tendências mais procuradas no Google, às buscas por assuntos como ‘meditação’ e ‘Deus’ bateu o recorde de interesse dos últimos cinco anos no Brasil.
“Não podemos colocar limites ou cercas na ação de Deus. Durante a pandemia tenho notado um crescimento no número de seguidores e nas interações em minhas redes sociais, sinal claro de que as pessoas estão tentando se aproximar de Deus. A missa on-line, claro, não é o meio ideal, mas precisamos valorizar isto como uma graça oferecida por Deus, senão tivéssemos os meios de comunicação, aí sim, estaríamos privados de tudo”, explica padre Alberto.
Mesmo com a igreja vazia, isso nunca significou o cancelamento das celebrações. Diariamente o Padre do, ‘Salve Maria’, transmite online a Santa Missa e os fiéis católicos podem seguir com sua rotina de orações. “É meio estranho ter que imaginar as pessoas, procurei visualizar a igreja com as pessoas, dá certo nervosismo, mas depois você vai se acostumando. A gente diminui demais a presença de Cristo, Ele mesmo prometeu que estaria conosco até o fim. É preciso acreditar que Jesus está vivo e está conosco. É o grande perigo de a gente não crer que Jesus é capaz de nos dar a presença Dele através da comunhão espiritual, é preciso que tenhamos essa convicção”.
A comunhão espiritual, aliás, é um tema recorrente nos comentários e segundo o Padre Alberto, os católicos redescobrem o valor da comunhão como meio de cultivar o amor pela Eucaristia também através das transmissões on-line: “As pessoas tem aprendido que a comunhão espiritual tem o mesmo valor que a comunhão presencial. O justo vive pela fé e eu tenho que acreditar que Jesus é suficientemente capaz para produzir em mim que desejo recebê-lo, o mesmo efeito da Eucaristia, e aquele que souber viver essa experiência, quando tudo isso acabar vai valorizar ainda mais Jesus Eucarístico”.
Nem só do on-line vive a fé na pandemia, assim como em outras inúmeras paróquias da diocese, o Santuário da praça da Matriz de Itapecerica, tem colaborado de forma efetiva com ações de arrecadação de alimentos para as pessoas mais afetadas economicamente por toda essa crise. Além disto, voluntário se revezam para também preparar marmitas para moradores de rua.
“As pessoas estão vivendo o mandamento do amor. A Igreja não será a mesma de antes da pandemia se as pessoas souberem realmente aprender as lições desta pandemia: a solidariedade, os relacionamentos familiares, o fortalecimento da igreja doméstica, o poder da oração”, finaliza padre Alberto.