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Padre Eduardo Ramos é homenageado com nome em Praça

Sacerdote ficou conhecido pelo seu trabalho social na região. Muitos moradores que acompanharam seus trabalhos estiveram presentes.
 |  Pe. Rodrigo Antonio  |  Diocese

No sábado, 29 de abril, foi realizado um ato cívico e religioso na praça Padre Eduardo Ramos, localizada no Jardim Faria Lima, que selou uma justa homenagem prestada ao sacerdote falecido em 2017, conhecido pela sua atuação na região.

Pouco antes das 10 horas da manhã moradores do bairro e paroquianos começaram a chegar para o ato. Padre Alessandro Carvalho de Faria, pároco da Paróquia São Franscisco e Santo Estevão, conduziu o ato juntamente com o padre Francisco Glênio, vigário forâneo da forania Campo Limpo e pároco da paróquia São José Operário, onde padre Eduardo Ramos exerceu seu ministério por longos anos.

A praça está situada entre as ruas Francisco de Holanda, Frei Jerônimo da Graça e Norival Lacerda e até então não possuia um nome.

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Muitos dos moradores da região recordam com gratidão a atuação do padre Eduardo Ramos na região. — Imagem: Pe. Rodrigo Antonio.

Na primeira parte do ato, alguns moradores do local foram convidados a falar algumas palavras sobre padre Eduardo. O primeiro deles foi o líder comunitário Cristiano Kreuz, que teve a oportunidade de trabalhar com padre Eduardo em diversas situações buscando melhorias no bairro. “Eu sempre procurei encontrar uma forma do padre Eduardo não ser esquecido por aquilo que ele já fez pela gente aqui. Esse lugar aqui foi por acaso: eu passei, olhei e acabei descobrindo que não tinha nome essa praça. Eu pesquisei e não encontrei o nome. Foi na hora certa”, relata Cristiano.

Nas palavras de padre Francisco Glênio, “nada mais justo fazer essa pequena homenagem, mas como ele também, uma pessoa simples, que na simplicidade fazia coisas muito grandes”. Seguindo esta impressão, o deputado federal Carlos Zarattini também manifestou seu apreço pelo trabalho de padre Eduardo: “é uma praça simples, mas importante para deixar na memória da nossa cidade a luta do padre Eduardo. Eu o conheci quando ele estava liderando toda a resistência para impedir a remoção de dezenas de famílias aqui da região”.

Encerrando os discursos, padre Alessandro Carvalho convidou para falar o “padrinho do dia”, o deputado estadual Antonio Donato, “é de sua autoria o projeto de lei que deu o nome do padre Eduardo para a praça”, recorda.

Donato esteve à frente do trabalho junto à prefeitura de São Paulo para tornar possível a homenagem ao padre Eduardo.  “Tentamos primeiramente uma escola para prestar essa homenagem, mas não fomos bem compreendidos. Mas encontramos um local significativo: um local símbolo da sua luta pela dignidade das pessoas. Conheci o padre Eduardo Ramos em 1989 na paróquia São José Operário, a Ação Franciscana funcionava lá mesmo”.

As paróquias São Francisco e Santo Estevão e São José Operário foram convidadas pelos moradores para realizar o ato religioso. Padre Alessandro Carvalho realizou o rito da benção da praça acompanhado dos cânticos e louvores conduzidos por fiéis da paróquia São José Operário.

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Momento da bênção da praça Eduardo Ramos, dada pelo padre Alessandro Carvalho acompanhado do padre Francisco Glênio. — Imagem: Pe. Rodrigo Antonio.

No início da benção repara no detalhe: “Que coisa bonita pensarmos que estes dias que estamos vivendo é a novena de São José Operário, padroeiro da paróquia onde padre Eduardo passou por longos anos”. Após proclamar um trecho da primeira carta de São Paulo aos Coríntios (9, 24-26), padre Alessandro comentou: “A coroa imperecível é Deus quem dá. Mas aqui na terra nós temos estes momentos em que colocamos coroas em reconhecimento àqueles que combateram o bom combate, guardaram a fé e completaram a corrida. Faço esta referência pensando no padre Eduardo, mas também penso em todos os que com ele estavam nestes tantos anos. Ao agradecermos o padre Eduardo, necessariamente agradecemos a todas as pessoas que estiveram junto com ele”.

Além dos padres Alessandro e Francisco Glênio também estiveram no ato os padres Élcio Barros, Rodrigo Antonio e Hilton Lourenço.

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O deputado Carlos Zarattini, juntamente com o deputado Antonio Donato e o lider comunitário Cristiano Kreuz se mostraram contentes pela homenagem alcançada. — Pe. Rodrigo Antonio.

Biografia e atuação

Padre Eduardo Ramos, nascido em Getulina (SP), em 10 de junho de 1937, filho de Benedicta Maria de Jesus. Eduardo Ramos foi ordenado diácono em 1978, na Paróquia Santa Terezinha, em Taboão da Serra (SP), pela imposição das mãos de Dom Mauro Morelli, então Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo.

Em 30 de março de 1979, foi ordenado sacerdote na mesma paróquia, pela imposição das mãos de Dom Paulo Evaristo Arns, na época Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Na Diocese de Campo Limpo, padre Eduardo Ramos atuou nas paróquias Santa Terezinha do Menino Jesus (Taboão da Serra) e São José Operário.

Esta deu origem, posteriormente, a outras paróquias: Santa Isabel, Jardim Rosana, São Paulo Apostolo no Jardim Paris, Nosso Senhor dos Passos, no Jardim Umuarama, São Sebastião, no Mizutani, São Francisco e Santo Estevão, nos bairros Jardim Maria Virginia e Faria Lima. De volta à Arquidiocese de São Paulo trabalhou na paroquia Nossa Senhora Aparecida, do Jardim Esther, na Região Lapa; e também na paróquia Santa Domitila, no Setor Pirituba, da Região Lapa.

Também colaborou na Obra Social “Pia Sociedade dos Franciscanos Filhos da Consolação - Os Anawin”, como fundador e Superior Geral durante 21 anos, de 1996 a 2017. Tendo passado seu tempo de formação sacerdotal nos anos 1970, período em que o país sofria sob a ditadura militar, abraçou desde cedo à preocupação com os excluídos da sociedade, os mais pobres e aqueles que vieram para esta periferia lutar pela vida. Seus formadores, Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Mauro Morelli, foram grandes expoentes na luta pela Redemocratização do Brasil, pelos direitos Humanos e inclusão social.

Negro, sofreu como tantos outros as diversas formas de discriminação racial, que tanto marcaram a formação da sociedade brasileira. Em 22 de junho de 1981, padre Eduardo aceitou o grande desafio, de continuar a obra de Josef Teuber, sacerdote franciscano que adotou o nome de Frei Xisto. Assumindo a paroquia de São Jose Operário, no Campo Limpo e a obra Social Ação Social Franciscana do Brasil.

Padre Eduardo foi uma pessoa muito carismática, atenciosa e acolhedora. Suas homilias atraiam centenas de fiéis, pelo seu jeito, carinhoso e simples. Os últimos anos de sua vida, mesmo doente, foram gastos em atividades no nordeste do Brasil, em Fortaleza e Sobral, no Ceará. Retornando a São Paulo, continuou enquanto pode, com as atividades da Ação Franciscana, até falecer, em 26 de julho de 2017.

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Padre Eduardo Ramos juntamente com Dom Emílio Pignoli na Paróquia Santa Terezinha (Taboão da Serra). — Imagem: Arquivo pessoal.

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