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Organização Pastoral

Pensar o presente e o futuro

Ao celebrar sua caminhada evangelizadora e missionária, a Diocese de Campo Limpo lança o olhar para o futuro.
 |  Andrea Rodrigues | Pe. Rodrigo A. Silva  |  Diocese
Foto: Andrea Rodrigues

A celebração dos 35 anos da Diocese foi destaque na edição de junho do Jornal Diocese em Ação. Ao celebrar sua caminhada evangelizadora e missionária, a Diocese de Campo Limpo lança o olhar para o futuro. Considerando o passado e o presente, mas atenta aos sinais dos tempos, é momento de compreender os passos a serem dados em vista dos próximos anos.

Em sua mensagem no mês de junho, Dom Valdir refletia: “ao celebrarmos os 35 anos de história de nossa Diocese, e no início do nosso serviço episcopal, como terceiro Bispo Diocesano, podemos nos interrogar:  e agora, para onde vamos? Ou melhor, para onde o Espírito Santo quer nos guiar?”.

Desde o começo do seu ministério episcopal nesta Diocese, Dom Valdir apresenta indicações para o aprofundamento do caminho sinodal de evangelização olhando o futuro com esperança. Não se trata de esquecer o passado, mas de olhar o presente e o futuro de maneira otimista, sobretudo na retomada das vidas das comunidades que, a passos largos, se refazem das consequências dos tempos difíceis vividos devido a pandemia.

De fato, uma Diocese, paróquia, ou qualquer instância da Igreja não deve se contentar em apenas em realizar eventos previamente agendados, mas refletir a respeito de seu caminho e os desafios que são próprios de seu tempo e lugar.

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Carta Pastoral como ponto de partida

Recolhendo as partilhas realizadas pelo clero de Campo Limpo na atualização do clero de 2023 e unindo às suas próprias impressões, Dom Valdir lançou em junho de 2023 a Carta Pastoral “Tudo por causa do Evangelho” como primeiro passo para o futuro.

“Esta Carta deseja ser um ponto de partida para refletirmos sobre como estamos caminhando como Igreja, onde está a centralidade de nossa ação pastoral e missionária, o que nos falta para sentir-nos realmente como irmãos e irmãs”.  Com estas palavras, Dom Valdir indicava a finalidade da Carta, que não pretende apontar diretrizes, mas destacar os pontos essenciais da caminhada, de forma que as ações sejam impregnadas do Evangelho. Na própria carta, há o caminho almejado para planejar o futuro evangelizador da Diocese: “perscrutar os sinais dos tempos para conhecer melhor, para unir nossas forças, e depois, pensar e projetar a elaboração sinodal do 7º plano de evangelização da Diocese”.

Nova organização Pastoral

No processo de renovação, podemos destacar a reconfiguração das pastorais na Diocese. Dom Valdir e a coordenação de Pastoral da Diocese lançaram a iniciativa de uma nova organização pastoral, considerando os desafios da retomada da ação evangelizadora na Diocese após as consequências da pandemia do COVID-19.

A nova organização pastoral foi apresentada e avaliada pela primeira vez no último CDP (Conselho Diocesano de Pastoral) em 27 de abril, com nova disposição e articulações para as pastorais, movimentos, associações e todas as demais forças evangelizadoras da Diocese. Antes do CDP, a proposta foi apresentada ao clero em diversos momentos e instâncias. Segundo o coordenador diocesano da Pastoral, padre Ezaques Tavares, a ideia da nova organização é evitar a rigidez excessiva nos trabalhos e impedir que as pastorais se tornem dependentes das estruturas.

Outra importante característica que norteou a nova disposição foi pensar, antes de tudo, na vida paroquial: “a ideia é fazer que toda a Diocese entenda, a partir da realidade das paróquias, quais são as pastorais que nós temos e funcionam. É uma proposta concreta que nasce da percepção da realidade pastoral das paróquias”, afirma padre Ezaques.

Esta nova organização rearticula as pastorais e os serviços de animação e coordenação para facilitar a realização da missão da Igreja. Toda a estrutura existe em função da missão evangelizadora da qual todos os batizados são chamados a colaborar. Pastorais, movimentos, associações e grupos deverão ser incentivados a se inserirem nessa missão comum, respeitando suas próprias realidades e âmbitos de atuação.

O novo organograma

O novo organograma diocesano da ação evangelizadora ilustra a organização pastoral da Diocese (veja na imagem ao centro da página). A disposição segue a lógica de uma mesa, onde todas as dimensões pastorais se encontram no mesmo patamar, tendo por centro a Palavra e a Eucaristia, como fonte e sustento de todo o caminho evangelizador. Vale o destaque para as sete Áreas de Pastoral (em verde) bíblico-catequética, missionária, família, juventude, liturgia, sociotransformadora e comunicação. É desejo da coordenação de Pastoral que estas sete áreas estejam presentes em cada forania e mesmo em cada paróquia.

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Nova organização pastoral. 

De que maneira? O raciocínio é simples: toda paróquia precisa ter, essencialmente, ações destas sete áreas. Elas se expressam nas pastorais que são próprias de cada área. Uma paróquia que tenha a Pastoral Familiar, por exemplo, já tem presente uma ação pastoral da área familiar. O passo seguinte é verificar quais das sete áreas pastorais que ainda não estão presentes na vida paroquial e trabalhar para garantir que não existam setores da vida e da missão eclesial desatendidos. 

O objetivo não é desmedido, pois as sete áreas refletem, em grande parte, o que já acontece, como recorda padre Ezaques: “Em nosso organograma pastoral temos sete áreas de pastoral, que são exatamente as áreas feitas a partir das pastorais que estão presentes na grande maioria das nossas paróquias”.

As chamadas assessorias diocesanas (em azul) dizem respeito a grupos específicos. Ministério ordenados, vida consagrada, associações, movimentos e novas comunidades recebem acompanhamento próprio. Os conselhos diocesanos (em amarelo), CDP e EDCP, por sua vez, são grupos que “pensam de maneira mais sistemática os trabalhos da pastoral diocesana”, explica padre Ezaques.

Há um grande grupo, intitulado Pastorais Diocesanas (em laranja), cujas atividades nem sempre se dão nas paróquias, como explica padre Ezaques: “As pastorais diocesanas, indicadas no organograma, são aquele grupo de pastorais que não necessariamente existem nas paróquias, mas como organização diocesana existem e realizam diversas atividades. São grupos propostos pela CNBB e nossa Diocese precisa responder”. Pastorais como Operária, Moradia ou Carcerária possuem organização diocesana, mas não necessitam estar presentes em todas as paróquias.

Cada uma das áreas de pastoral deverá ter uma equipe de coordenação tanto em âmbito diocesano quanto foranial. Nas paróquias e pequenas comunidades locais, nem todas essas coordenações serão necessárias; contudo, algumas são essenciais e indispensáveis, como todas as pastorais que estão dentro da Área de Pastoral. Este discernimento deverá ser feito com sabedoria e prudência.

Ao final de um ano, a nova organização pastoral será avaliada: “Viveremos um ano de experiência, avaliando o modelo proposto e, em junho do próximo ano, faremos os ajustes que se julgarem necessários e o esquema será consolidado”, reforça padre Ezaques.

A importância da adesão das paróquias

Uma primeira consideração é a adesão das paróquias à nova organização. Uma verdadeira avaliação sobre o funcionamento da nova proposta só será real caso ela seja colocada em prática pelas foranias e comunidades paroquiais. Segundo padre Ezaques, “qualquer plano pastoral ou esquema que não tenha adesão paroquial se perde no vazio”. Recorda que não se trata de uma iniciativa de cima para baixo, e por isso tem feito o trabalho de conversar com os padres a respeito da nova proposta: “estamos num trabalho de visitar as foranias para que esta organização aconteça na forania e depois nas paróquias”.

Impulsionada pelo espírito missionário e evangelizador, a Diocese de Campo Limpo já conta com diversas iniciativas pastorais, missionárias e de evangelização que desempenham um papel fundamental na realização da missão da Igreja. Estas iniciativas estão presentes nas nove foranias, paróquias e comunidades, muitas das quais possuem uma articulação diocesana, enquanto outras estão organizadas em torno de Associações de Fiéis, Congregações e Ordens religiosas, Movimentos e Novas Comunidades. Estas são expressões variadas da ação da Igreja, animada pelo Espírito Santo. O grande esforço é unir todas estas forças para caminharmos na mesma direção.

Aos clérigos cabe a responsabilidade de animar, formar e coordenar todas estas expressões de vida eclesial. É próprio do seu ministério promover a unidade, a sinodalidade e a harmonia entre todos os membros do Corpo de Cristo. Bispos e clero têm um papel fundamental em zelar pela "pastoral de conjunto", que visa promover o bem e a missão da Igreja em sua totalidade, e não apenas de uma parte dela.

O que se pretende é, a partir da Palavra, colocar a sinodalidade em ação, comunicando e anunciando o Evangelho de forma a alcançar a conversão pastoral.

7º Plano de Evangelização da Diocese

Consolidada a nova organização pastoral, o passo seguinte será a elaboração do novo plano de evangelização da Diocese. Para isto, Dom Valdir deseja que a realidade das paróquias seja conhecida e levada em consideração. As paróquias não são ilhas ou apenas locais de culto em meio aos ambientes em que as pessoas vivem. Por isso, pretende-se mesmo a utilização de dados, estatísticas e levantamentos que esquadrinhem a realidade local.

Certamente, o caminho para a elaboração do plano terá como grande marca o estilo sinodal, marcado pela escuta a Deus e às pessoas.

Padre Ezaques recorda que “o novo plano pastoral não tem a pretensão de ser nenhum livro teórico sobre pastoral, mas um guia pastoral a partir desta realidade. Ele parte da realidade e volta para ajudar a prática pastoral nas foranias e paróquias”.

A consideração faz sentido. Um plano de evangelização não é apenas um documento formal das intenções de uma Diocese, mas deve ser o guia da comunidade paroquial para caminhar com a Diocese na missão de evangelizar. Quando uma paróquia planeja suas atividades e iniciativas, o faz a partir de qual referência? A referência da paróquia, sendo parte da comunidade diocesana, deve ser o plano de evangelização da Diocese. Desta forma, a igreja diocesana se realiza: uma comunidade de comunidades que caminham juntas e na mesma direção.

Para elaboração do 7º plano, outras duas importantes referências serão levadas em consideração: o resultado do Sínodo sobre a sinodalidade que está acontecendo no Vaticano, e será concluído em outubro deste ano e as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE). Estas últimas estão em processo de elaboração e devem ser apresentadas na Assembleia dos Bispos do Brasil no próximo ano.

Considerando as orientações em nível universal e nacional, a Diocese de Campo Limpo manifesta comunhão e unidade com o caminho percorrido pela Igreja.

Comunicação que gera Comunhão

A nova organização pastoral enfatiza a responsabilidade de cada um na construção da evangelização. Vale o destaque para o cultivo de uma boa comunicação. Não há caminho sinodal sem comunicação; podemos afirmar que a sinodalidade é um processo de comunicação. É preciso sempre se perguntar: como está a nossa comunicação?

Há quase um ano, Dom Valdir criou o Vicariato para a Comunicação Social da Diocese, com o objetivo de criar um elo de união, comunhão e partilha entre padres, religiosos(as), leigos(as) e o bispo diocesano.

A comunicação deve ser transversal, permeando a vida pastoral diocesana ou paroquial para que a missão e a importância de cada membro sejam compreendidas e valorizadas na missão primária de todo batizado: a evangelização. Como ressalta Dom Valdir, é "essencial aproveitar os recursos humanos e tecnológicos para que essa dimensão cresça sempre mais em qualidade, ajudando-nos a criar proximidade e a conviver na fraternidade, em vista da missão de evangelizar".

Para tanto, uma comunicação geradora de comunhão deve fundamentalmente ter escuta, diálogo e discernimento. Uma organização pastoral, em qualquer nível, precisa compreender que a comunicação não é simples troca de informação, mas ação que leva à proximidade, à partilha e cria comunhão.